ATA DA PRIMEIRA CONFERÊNCIA MISSIONÁRIA

O capítulo 15 do livro dos Atos dos Apóstolos dá-nos uma visão muito interessante de como as primeiras controvérsias começavam a inquietar a Igreja e como os apóstolos, rápida e sabiamente as enfrentaram.

            Pedro, guiado pelo Espírito Santo, batizara Cornélio, tendo sido por isto severamente criticado pelos chamados judaizantes, que queriam impor certos rituais mosaicos à Igreja nascente. Paulo, que já empreendera uma viagem missionária entre gentios, também enfrentava a oposição dos que criam ser o evangelho destinado  exclusivamente aos  judeus. Tudo isto começava a gerar partidos dentro da Igreja em Jerusalém, o que, somado ao confronto com o Império Romano, dificultava grandemente o trabalho da liderança exercida por Tiago. Resolveu-se então convocar uma assembleia geral, onde os assuntos missionários seriam debatidos, a fim de unificar procedimentos e evitar que a discórdia dificultasse ainda mais o crescimento da Igreja. Não havia dúvidas de que ela deveria expandir-se até aos confins da terra. Nisto havia unanimidade, pois o Senhor ao subir o ordenara. O problema estava entre torná-la uma seita judaizante, ou dar-lhe características próprias, que não tornassem a pregação apostólica mera transposição da cultura judaica. Esta foi, portanto, a temática desta primeira conferência missionária transcorrida por volta do ano 52 da Era Cristã.

            A assembleia não foi pacífica. Diz o texto em Atos 15.7 que houve grande contenda e que, em certo momento, Pedro, com a autoridade que o próprio Jesus lhe delegara, tomou a palavra, explicando a importância de sua ida a Cesárea, onde pregou o evangelho a Cornélio e a muitos que este reunira em casa. Contou-lhes como o próprio Deus aprovara o batismo daquele grupo gentílico, batizando-os também no Espírito Santo. Então toda a multidão se calou (At 15.12).

Entram em cena Paulo e Barnabé, relatando os sinais e maravilhas que Deus operara por meio deles entre os gentios em sua primeira viagem missionária.

            Tiago, pastor da igreja, assume o controle da assembleia, resumindo, sábia e sucintamente as ordenanças da Lei que a partir dali deveriam ser guardadas pela Igreja.

            Cópia da ata foi enviada a Antioquia, Síria e Cilícia, e podemos lê-la em Atos 15.23-29. Grande foi a alegria das igrejas gentílicas ao sentirem-se livres do fardo pesado que ordenanças judaicas lhes vinham impondo.

Igrejas envolvidas em missões transculturais devem dar o máximo de atenção a esta ata, transcrita integralmente na Bíblia, que nos orienta com segurança sobre procedimentos a adotar no contato com diferentes culturas que desejamos conquistar para o Cristianismo, que não é uma seita judaica, como pensavam os judeus que haviam aceitado Jesus como o Messias e queriam impor à Igreja o fardo das ordenanças da Lei. No Sermão do Monte (Mateus capítulos 5, 6 e 7) Jesus já havia exposto as notórias diferenças entre Cristianismo e Judaísmo, particularmente no que concerne às bem-aventuranças e aos contrastes entre a sua mensagem e o que diziam os religiosos do seu tempo: ouvistes que foi dito… Eu porém vos digo… Fica bem claro que o Sermão do Monte é o grande divisor de águas entre as duas religiões. Dali em diante era necessário uma aparência exterior compatível com a interior. Não mais enganos ou simulações.

 “O que acontecia entre os mestres do judaísmo é que havia gritante diferença entre o que aparentavam ser e o que de fato eram. Certa vez Jesus chamou-os de sepulcros caiados (Mateus 23.27). Os capítulos 5 a 7 anunciam a chegada de um novo tempo, em que era necessário haver mudanças e transformações por dentro e não por fora. Naqueles dias os religiosos buscavam impressionar uns aos outros pelo comportamento exterior. Aparentavam aspecto famélico depois de um curto jejum e oravam com eloquência quando alguém os observava. Chegavam ao ponto de pendurar versículos na testa e no braço. No Sermão Jesus reprovou essas práticas. Deus não se deixa enganar pelas aparências. Talvez o mais radical de tudo no Sermão do Monte é colocar diante de nós a necessidade de existirmos somente para Deus, não para as aparências”. (O texto entre aspas é tradução livre de parte do comentário ao Sermão do Monte na Student Bible-Zondervan Corporation – pg 849).

Pr. Paulo Ferreira

1 comentário em “ATA DA PRIMEIRA CONFERÊNCIA MISSIONÁRIA

  1. Carloman Lima Responder

    Que texto incrível ! Parabéns ao autor, pastor Paulo Ferreira, e à MEG, por nos proporcionar acesso a tão importante leitura !!

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